Passados cem dias da sua entronização, o papa Francisco ainda não se mudou
para as suntuosas dependências do palácio apostólico na Praça de São Pedro. Ele
continua morando nas acomodações mais modestas da Casa Santa Marta, uma decisão
cujo significado é maior do que pode parecer.
O pontífice afirmou que prefere estar próximo das pessoas, e que o palácio o
deixaria isolado. Francisco também se referiu a Jesus como o mestre dos pobres.
Há cem dias, era inimaginável que o Vaticano fosse escolher um papa que
pudesse romper com protocolos e tradições da Igreja Católica. Quem dissesse isso
poderia ser chamado de maluco, ou até mesmo de militante e crítico da Igreja.
Logo após a eleição papal circulou o rumor de que Francisco teria dito umas
poucas palavras emblemáticas de seu pontificado: "o carnaval acabou". A frase
seria uma referência não apenas às pesadas vestimentas bordadas ou aos caros
sapatos vermelhos utilizados pelo seu antecessor, tampouco era uma crítica a
Bento 16. Seria simplesmente o anúncio de um novo período de sobriedade no
Vaticano.
Em sua primeira aparição pública, há cem dias, Francisco disse que vinha
"quase do fim do mundo". Ele, de fato, é um estranho no ninho para parte da
Cúria Romana, e tem uma visão bem diferente do que é o ofício de papa.
Além da proximidade às pessoas, há também a escolha do nome Francisco. Ele
expressa mais do que simplicidade na aparência ou opção pelos pobres. Francisco
de Assis, o santo que serviu de inspiração para o nome do novo papa, foi, a seu
modo, um imprevisível revolucionário no início do século 13.
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