segunda-feira, 20 de maio de 2013

Produção econômica torna carros brasileiros mais perigosos




Quarto maior mercado automobilístico do mundo, o Brasil viu o número de acidentes fatais no trânsito aumentar em 72% entre 2000 e 2010, segundos os últimos dados disponíveis. As razões para o grave quadro seriam, além das precárias condições das estradas e falta de rigor nas leis, a má qualidade dos carros comercializados no País. Em levantamento publicado recentemente, a AP afirma que os veículos mais baratos de quatro das cinco montadoras mais vendidas no País falham em testes de segurança.

Especialistas ouvidos pela agência apontaram que os carros nacionais são produzidos com materiais inferiores aos modelos semelhantes destinados a consumidores americanos e europeus. Em defesa, a indústria alega que respeita as leis de segurança propostas pelo governo.

“A gravidade dos ferimentos que vemos nos hospitais é terrível. São ferimentos que não deveriam ocorrer”, afirma Dirceu Alves, da Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego). Segundo os profissionais ouvidos pela AP, melhores condições de segurança dos próprios veículos já seriam suficientes para reduzir as mortes.

Dados da IHS Automotive, consultora industrial, constatam que montadoras lucram 10% a partir de cada carro produzido no Brasil, enquanto nos Estados Unidos o total é de 3% e a média global está em 5%. A diferença estaria relacionada ao material utilizado, fator facilitado pela atrasada legislação brasileira, que apenas em 2014 exigirá, por exemplo, airbags frontais e travagem anti-bloqueio em todos os veículos – requisitos há anos obrigatórios em outros países.

O resultado é que, segundo dados do Ministério da Saúde, o Brasil registrou 9.059 mortes no trânsito em 2010, contra 12.435 fatalidades nos Estados Unidos, onde há aproximadamente cinco vezes mais carros. A conclusão é que o quadro brasileiro é praticamente quatro vezes mais grave.

Técnicos da indústria entrevistado pela AP indicam uma série de pontos que precisam ser aperfeiçoados na produção brasileira, que, pelas análises, trabalha com uma estrutura cerca de 20 anos atrasada em relação à Europa e aos Estados Unidos, o que inclui plataformas antiquadas, peças menos resistentes e até mesmo exclusão de materiais fundamentais em alguns casos.

O governo acredita que as recentes exigências mais rígidas quando a airbags e travas irá reduzir as estatísticas negativas brasileiras. No entanto, a AP alerta que faltam testes independentes no País – prática comum nos mercados mais avançados -, o que diminui sua eficácia.

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